domingo, 27 de maio de 2012

Cobrador baleado em assalto a ônibus afirma que foi salvo pela mão de Deus

No início da última semana o cobrador Adaílson Alves, 43 anos, foi vítima de um assalto no ônibus em que estava trabalhando. O ato de violência aconteceu por volta das 21h30, na Avenida Nossa Senhora da Concórdia, no bairro do Tremembé, zona norte de São Paulo.
Durante o assalto o motorista e o cobrador foram baleados. O motorista Marcelo Barbosa da Silva, 31 anos, morreu no hospital, e Alves sobreviveu, apenas com ferimentos na coxa, onde foi baleado. Emocionado, o cobrador disse em uma entrevista ao R7 que só conseguiu escapar com vida porque Deus colocou a mão em sua vida e o salvou. “Eu nasci de novo”, afirmou/
Alves contou que ninguém reagiu ao assalto, e contou como foi o momento em que foi baleado`no peito. “Quando eles desceram, eu pulei para socorrer o motorista, que já estava desmaiando. Foi na hora em que um deles atirou nas minhas costas e pegou na lateral do ônibus de fora para dentro, atingindo a minha coxa. Eu estava de pé para desligar o ônibus, que continuava andando. Atirou, tipo assim, brincando com a arma”, relatou.
O cobrador contou também que escapou de um ferimento mortal porque se levantou para ajudar o colega, que já estava baleado. “Foi Deus que pôs a mão quando levantei para ajudar o colega e a bala só pegou na minha coxa”, explicou Alves.
Leia na íntegra a entrevista do cobrador:
R7- Como foi a abordagem dos assaltantes. Havia passageiros na hora do roubo?
Adaílson Alves – Havia cinco ou seis passageiros dentro do ônibus.
R7 – Eram quantos assaltantes?
AA – Eram dois indivíduos, um deles armado. O outro não apareceu com arma. Não dá para notar as características deles, porque eles não deixaram a gente olhar. Foi muito rápido. Foi com uma rapidez fora de série e com uma agressão super elevada.
R7 – Quando os criminosos entraram no ônibus, eles já chegaram anunciando o assalto?
AA – Um entrou e foi direto na gaveta do meu caixa, já gritando de forma agressiva que era assalto e para que eu passasse tudo. O outro já estava com a arma virada para o condutor, já efetuando uns dois disparos imediatos para intimidar o motorista. Ele (motorista) estava com as duas mãos na cabeça e o ônibus andando. O outro fazendo a limpeza do caixa, gritando, me apavorando, de forma totalmente agressiva.
R7 – Vocês tentaram reagir?
AA – Em momento algum, alguém reagiu. Eu fiquei até sem ação nenhuma. O motorista ficou com as duas mãos na cabeça. Foi tudo muito rápido. Quando eles desceram, eu pulei para socorrer o motorista, que já estava desmaiando. Foi na hora em que um deles atirou nas minhas costas e pegou na lateral do ônibus de fora para dentro, atingindo a minha coxa. Eu estava de pé para desligar o ônibus, que continuava andando. Atirou, tipo assim, brincando com a arma.
R7 – Quanto tempo durou o assalto?
AA – No máximo, cinco, seis minutos.
R7 – E os passageiros? Como reagiram na hora?
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AA – Ficaram todos praticamente sem reação. Dois que estavam do lado que um deles passou atirando se jogaram no corredor do carro.Foi a hora em que eu corri para socorrer o motorista. O carro continuava andando. Eu desliguei o carro e tentei acalmá-lo. Eu conversava com ele, que me pedia socorro. Abri a blusa dele, fiz massagem no tórax dele e liguei para o 190, porque foi o telefone que veio na minha mente na hora. Ele morreu ali. A única coisa que ouvi dele foi o pedido de socorro. E ele ouviu que eu também havia sido baleado.
R7 – Você se lembra da última coisa que o Marcelo falou para você?
AA – Ele falou: “Cigano, chama o Samu para mim, me socorre, por favor, porque estou baleado. Eu pulei e tomei o tiro. Eu falei: “Também estou baleado, irmão”. Comecei a conversar com ele, mas ele já estava agonizando. Em questão de poucos minutos…
R7 – O que passou pela sua cabeça na hora?
AA – Passaram 1 milhão de coisas. Tamanha covardia. Por que tirar a vida de um cidadão, sem reação nenhuma, um pai de família, que está trabalhando? Ele estava fazendo a última viagem.
R7 – É verdade que os motoristas das linhas que atuam na região trabalham com insegurança?
AA – Está difícil. Sem querer condenar ou criticar, a gente não tem segurança nenhuma. É difícil demais. A gente está atendendo a sociedade e se sente um alvo, sem segurança. Tem colega desistindo de trabalhar.
R7 – E você? Pensa em voltar?
AA – Eu não consigo…[chora]. Eu não me vejo trabalhando…Eu não sei. Só Deus vai me dizer o que eu posso estar fazendo [sic]. É difícil. Eu nasci de novo. Foi Deus que pôs a mão quando levantei para ajudar o colega e a bala só pegou na minha coxa.

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