Hoje mais do que em qualquer outra época da vida da Igreja o
assunto prosperidade tem invadido o arraial evangélico, despertando
nele uma sofreguidão pelo que é material. As Igrejas
que tem optado como diretriz básica do seu ministério a ênfase nesse
assunto, numa ânsia de um crescimento numérico rápido, têm muitas delas,
explorado esse tema até as últimas consequências, inclusive
comprometendo a pureza do Evangelho.
Mas o que é prosperidade? Entendendo o assunto conforme o
significado da palavra, vemos que prosperar é “melhorar de condição;
progredir; crescer, desenvolver-se; enriquecer”.
Muitos evangélicos acham que pelo fato de serem filhos de
Deus (por adoção) deve ser necessariamente rico financeiramente e o
argumento que usam é que se a Deus pertence à riqueza (Ag 2.8), então os
seus filhos têm que ser ricos também. E o pior de tudo é quando se
ensina que se o crente não é próspero (rico) tem problema na sua vida
espiritual, ou falta de fé, ou algum pecado que impede a sua prosperidade.
Mas será que no Novo Testamento é isso que é enfatizado? (Lembramos aos
irmãos que um determinado assunto para ser normativo na vida da Igreja
tem que ter necessariamente o respaldo do Novo Testamento, pois a
revelação foi dada de forma progressiva. Se não há confirmação do Novo
Testamento para um assunto do Antigo Testamento, o mesmo teve o seu
valor circunstancial, mas não é normativo para a Igreja – isto é uma
regra básica da
Hermenêutica Bíblica, que é a ciência de interpretação dos textos bíblicos).
Não restam dúvidas de que o Novo Testamento enfatiza a prosperidade
do ponto de vista espiritual. Em Efésios 1.3 nos é dito que Deus já
abençoou a Sua Igreja com toda a sorte de bênçãos espirituais. Pedro
disse sobre o assunto, que Deus nos deu grandes e preciosas promessas
pelas quais nos tornamos participantes da natureza divina (2 Pe 1.3,4).
João também tratou do assunto quando se dirigiu a Gaio, o destinatário
da sua 3ª carta, dizendo que ele era um homem próspero espiritualmente
(3 Jo 1,2).
A luz da Bíblia, Deus é soberano e tem gerência direta na vida de
todos os seres humanos. A uns Ele dá riquezas, a outros não. “O rico e o
pobre se encontraram; a todos os fez o Senhor” Pv 22.2. “Mas o nosso
Deus está nos céus e faz tudo o que lhe apraz” Sl 115.3. (Veja ainda o
Salmo 103.19). Ainda sobre a questão da soberania de Deus é bom que
todos saibam que ninguém pode ter coisa alguma se não lhe for dada do
Céu (Jo 3.27). Tiago também via o assunto dessa maneira quando disse que
toda a boa dádiva e todo dom perfeito vinha do alto, descendo do Pai
das luzes (Tg 1.17).
Se você irmão tem alguma coisa, algum recurso, prosperou, tem um bom
emprego, uma boa casa para morar, um automóvel para se locomover, tem
influência, o seu futuro e o dos seus filhos estão garantidos (?) não se
ensoberbeça, mas adore a Deus que graciosamente lhe deu essas coisas.
Se você querido irmão não tem as coisas citadas acima ou as tem em menor
escala não se entristeça, pois Deus não lhe deu isso ou lhe deu pouco,
mas por outro lado Ele cuida de você com um cuidado todo especial.
Observe os textos a seguir: “Fui moço e agora sou velho; mas nunca vi
desamparado o justo, nem a sua descendência a mendigar o pão” Sl 37.25.
“Sejam vossos costumes sem avareza, contentando-vos com o que tendes;
porque ele disse: Não te deixarei, nem te desampararei. E, assim, com
confiança, ousemos dizer: O Senhor é o meu ajudador, e não temerei o que
me possa fazer o homem” Hb 13.5,6. Dê graças a Deus por isso em
obediência ao que Ele disse em 1 Ts 5.18: “Em tudo dai graças, porque
esta é a vontade de Deus em Cristo Jesus para convosco”.
Não estou com isso pregando um determinismo, nem sou adepto da “síndrome
da Gabriela” (eu nasci assim, vou viver assim e vou morrer assim).
Esforce-se, estude, trabalhe, progrida, mas não venda a sua alma por
causa disso. Lembre-se de que o Senhor censurou aquelas pessoas que eram
ricas materialmente, mas que eram pobres para com Deus (veja a parábola
do rico insensato em Lucas 12.13−21).
Pr. Eudes Lopes Cavalcanti
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