De cabelo arrepiado, tênis e sorriso
fácil, o Pr. Lucinho Barreto conquista cada vez mais o público jovem.
Ele viaja o Brasil inteiro para falar de uma loucura muito saudável.
Loucura que lhe rendeu três livros lançados pela editora Central Gospel: ‘Manual de sobrevivência para o jovem cristão’, ‘Johnny, esta noite pedirão sua alma’ e ‘Loucos por Jesus – Vol. I’.
Pr. Lúcio Barreto Júnior, mais conhecido
como Pr. Lucinho, estuda a vida e o comportamento jovem há 20 anos. Seu
ministério é conhecido pela ousadia e bom humor com que a Palavra de
Deus é pregada. “Jovem não quer tédio. Ele quer loucura”, explica.
Uma de suas loucuras foi parar na internet recentemente: uma foto em que ele cheira a Bíblia como se fosse cocaína. A foto foi destaque em mídias seculares e evangélicas.
Em um bate-papo, o Pr. Lucinho fala
sobre essa polêmica e conta como surgiu seu ministério, a relação com
sua família e curiosidades sobre a autoria de seus livros. Conheça mais
sobre este louco por Jesus.
Quando começou a sua “loucura por Jesus”?
A minha loucura por Jesus começou no
final da minha adolescência, quando eu fui batizado pelo Espírito Santo.
Poucos anos antes eu havia perdido minha mãe. Estava vivendo uma crise
de depressão e tristeza. Mas, assim que fui batizado, notei uma mudança
muito grande em tudo: nas minhas motivações, ações e reações. E a partir
daí, o Espírito Santo que é esse “fazedor de Loucos por Jesus”,
colocou-me neste caminho para viver intensamente por Deus.
Qual o segredo para ser “louco por Jesus”?
O segredo é ter em você o “fazedor de
Loucos por Jesus”, que é o Espírito Santo. Não existe loucura por Jesus à
parte do Espírito Santo. Se nós somos cheios do Espírito, o tempo
inteiro, Ele vai nos apontar, levar e guiar até a pessoa de Cristo. Se
nós estivermos cheios de Jesus, seremos loucos, apaixonados por Ele, por
causa da pessoa bendita do Espírito Santo.
Como surgiu seu ministério com os jovens?
Meu ministério com os jovens surgiu
exatamente depois que fui batizado pelo Espírito Santo. Eu passei por
uma adolescência muito conturbada, doente. Eu me sentia sozinho com a
perda da minha mãe e do meu pai. Logo que fui batizado, vi o Senhor me
encaminhando para começar a trabalhar com moças e rapazes, adolescentes,
que viviam no mesmo perfil que eu vivia. Como eu casei cedo, com 21
anos de idade, eu trabalhei com pessoas 5 a 8 anos mais novas que eu. Eu
comecei a dar para eles aquilo que eu mesmo precisava na minha
adolescência e não tinha. Então, o Senhor me ajudou a ministrar na vida
deles exatamente nas áreas em que eu mais sofri.
Ao conhecer a sua esposa, você já tinha esse trabalho com os jovens? Qual a relação da sua família com seu ministério?
O início do meu ministério foi um pouco
antes de conhecer a Patrícia, minha esposa. Mas quando ele começou para
valer, ela já estava comigo. Minha família tem tudo a ver com meu
ministério. Tem tudo a ver porque minha esposa é jovem como eu, e desde
muito tempo vem me ajudando nesse desafio. E hoje tem muito mais a ver
principalmente por causa dos meus dois filhos que estão entrando na
adolescência. São eles os meus grandes professores no ministério. Eles
me mantêm jovem. É analisando e estudando a vida dos meus filhos que eu
descubro quais rumos eu devo tomar. A cumplicidade da minha família
comigo é em todos os aspectos. Eu não conseguiria fazer um ministério
jovem sem a ajuda deles.
Como você trabalha seu ministério na sua casa, no dia a dia?
Eu procuro dedicar as minhas manhãs para
orar e ler a bíblia. Eu sou muito apaixonado pelas disciplinas
espirituais. Eu jejuo constantemente também. Dentro de casa, eu procuro
viver a loucura por Jesus, amar a Cristo, dar aos meus filhos e à minha
esposa o exemplo de um homem de Deus, que não se rende a correria do dia
a dia, que não é um pastor mecânico, no piloto automático, mas uma
pessoa que os abandona para estar com Cristo. Ao abandoná-los todos os
dias por algumas horas para buscar a Deus, eu tenho o respeito deles e a
autoridade para ministrar fora de casa, porque estou vivendo Cristo
dentro de casa. Também respondo a e-mails, escrevo livros e preparo
sermões em casa. Mas as principais atividades são a leitura da minha
bíblia e a oração.
Já passou por alguma situação inusitada em seu ministério com os jovens?
Já passei por várias situações
inusitadas em meu ministério. Na verdade, quase todas elas eu mesmo
criei (risos). Para trabalhar com jovem tem de ser inusitado, louco. Os
jovens querem ver loucura. Jovem não quer tédio. Várias vezes eu me
fantasiei de super-herói para pregar, fiz festas temáticas e atraí
milhares de jovens, e lá eles foram evangelizados.
Conte uma loucura que você já fez em seu ministério.
Certa vez eu lancei o desafio de
batizarmos mil jovens em um ano. Fizemos um negócio chamado “Batismo
drive-tru”. Passamos o dia inteiro no batistério, e os jovens traziam
seus amigos para serem batizados. Nós ficamos ali de 9h às 23h. Somente
naquele dia batizamos 98 jovens.
Suas loucuras já lhe renderam resposta negativa?
Já fui confrontado por erros que cometi
no ministério com jovens. Fui perseguido por pais, fui xingado, fui
chamado de “transformador de igreja em boate”, por tentar transformar a
igreja num ambiente onde o jovem se sentisse mais alegre. Já me chamaram
de palhaço, brincalhão… Mas a situação mais linda de todas é ver a
transformação do coração daqueles por quem a gente se entregou por
tantos anos.
A foto em que você cheira a Bíblia também gerou a maior polêmica. Como foi isso?
Eu tirei aquela foto há um ano em um
ensaio fotográfico para o meu site. Na hora de tirar mil fotos, eu
pensei em quais poses poderia fazer. Vesti fantasia de super-herói,
tirei foto de terno e gravata, com cabelinho baixinho. Peguei a bíblia e
comecei: tirei foto com a bíblia como se ela fosse uma arma, outra como
se estivesse comendo. Lembrei-me do Salmo 119.131, que diz: “Abri a
minha boca, e respirei, pois que desejei teus mandamentos”, e da música
do Salomão, do Reggae, que diz: “baseado na Palavra e nela eu viajo”.
Pensei: “Rapaz, eu vou tirar uma foto como se eu estivesse fazendo o que
o usuário de droga faz, só que inalando a Palavra de Deus”. Depois que
eu tirei, falei para o pessoal não divulgar, porque daria confusão.
Toda quarta-feira, eu tenho um culto lá
na Missão Praia da Costa, em Espírito Santo, chamado Quarta Louca por
Jesus, do Pr. Simon do Araújo. Toda semana eles colocam uma foto nova
minha. Eu passei para eles o arquivo com as fotos do ensaio, e eles
escolheram essa foto em que eu estou cheirando a bíblia.
Como foi a repercussão disso no seu ministério?
O tipo de peixe que eu pesco requer de
mim estratégias um pouco mais radicais. Muitos jovens que viram essa
imagem disseram, na linguagem deles, que é normal. Por quê? Eles veem
filmes de Hollywood, todo tipo de coisa dentro e fora do Reino de Deus,
que até os faz achar isso normal.
A resposta da mídia e de alguns evangélicos foi negativa, mas você alcançou alguma resposta positiva?
Eu recebi o telefonema de um jovem
chamado David. Ele me disse que estava chorando no banheiro da casa dele
depois de ver a foto no jornal, disse ser usuário de cocaína, mas não
queria mais essa vida. Falei para ele jogar a droga no vaso sanitário e
dar descarga, e orei com ele. Esse rapaz disse que já pesou 90kg, mas
por causa das drogas, estava com 60kg, e que ao me ver cheirando a
bíblia, viu que precisava voltar para Jesus. Até marquei um encontro com
ele.
O que eu quero dizer é que fiz essa foto
com dois intuitos: primeiro, um usuário de droga não precisa da droga,
mas por para dentro algo melhor, que é a Palavra de Deus. É uma viagem
de cara limpa. Você não tem de se drogar; e a segunda: você que não é
drogado, mas não está colocando a bíblia para dentro de você. Quem sabe
você é um cristão sem bíblia. Não lê, não pratica, não vive e não crê na
Palavra de Deus.
E quanto às pessoas que reprovaram a sua atitude, o que você diria a elas?
Para o tipo de peixe que eu estou
pescando, essa atitude é considerada aceitável e até uma grande
estratégia para ganhar jovens. Mas eu entendo aquelas pessoas queridas
que viram e ficaram chocadas.
Eu quero dizer que, se alguém se sentiu
ofendido ou entristecido, eu peço perdão a essa pessoa, mas eu, Lucinho,
não tenho dificuldade com essa imagem. O meu relacionamento com a minha
Bíblia me permite isso. E me permite até mais.
Então você está tranquilo quanto a foto?
Que fique claro que eu não me arrependo
do ato, mas peço desculpas a quem se sentiu triste. Se alguém vivesse o
que eu vivo, de ser pastor de jovens, entenderia que, a mensagem é santa
(diz segurando a Bíblia), mas as estratégias para leva-la… Se for com
uma música, uma fantasia, um teatro, está valendo.
Quando começou a escrever seu primeiro livro? Do que se tratava?
Comecei a escrever há uns 12 ou 13 anos.
Ele se chamava Manual de sobrevivência para pais de adolescentes. Na
época eu estava trabalhando com adolescentes, e senti necessidade de ter
os pais ao meu lado. Por isso eu escrevi esse livro, com a intenção de
chamá-los como aliados nesse desafio de pastorear adolescentes.
Existe algum padrão ou regra que você siga ao escrever um livro?
Bem, ao escrever para jovens, eu
geralmente sigo a tendência que me é dada pelos próprios jovens. O mundo
muda a cada seis meses, e o mundo jovem muda muito mais rápido que
isso. Então, eu corro o risco de estar falando de coisas que não são
relevantes para eles.
Qual a sua referência ao escrever para jovens?
Quando eu vou escrever um livro ou
gravar uma mensagem, um DVD, eu procuro ouvir qual é a carência, a
necessidade do instante. Porque são eles que dão o norte para eu saber o
que falar, o que escrever e o que ministrar na vida deles, senão posso
cair no erro.
No Manual de sobrevivência para o
jovem cristão, você cita exemplos, dá referências bíblicas e abrange
assuntos que muitos jovens ainda sentem vergonha de conversar e tirar
dúvidas. Como foi a preparação para montar esse conteúdo?
A preparação veio basicamente dos
atendimentos que eu faço com os jovens, gabinetes pastorais,
atendimentos dos finais de culto e do que eles me mandam pela internet.
Eles me mandam perguntas há quase 20 anos, e fazem perguntas
pessoalmente. Foi juntando esses e-mails e prestando atenção naquilo que
eles me diziam que eu reuni todo o material e escrevi o Manual de sobrevivência para o jovem cristão.
Não queria escrever o que eu achava que fosse relevante para eles, mas
queria permitir que eles me guiassem na direção que eles achavam que era
importante. Eu até brinco quando anuncio o livro, dizendo que o escrevi
para que eles parassem de me mandar e-mails fazendo perguntas (risos). O
objetivo é exatamente ser um livro que dá um rumo, que dá uma direção
para essa geração.
O livro Loucos por Jesus é uma série?
É uma série, sim. É uma série de quatro
livros. Eu já estou com o material todo pronto para terminar o quarto.
Já lancei três, sendo que o volume I foi pela editora Central Gospel.
Qual a linha que você segue nesses três livros?
Bem, o que eu tentei colocar nesses
livros foi o que me abençoou. A minha linha de pensamento é a seguinte:
se eu quisesse ser um advogado de sucesso, eu teria de me espelhar nos
melhores advogados do mundo e estudar a vida deles. Se eu quisesse ser
um jogador de futebol de sucesso, eu deveria imitar a vida daqueles que
foram bons de bola. Então, eu escrevi o Loucos por Jesus
contando em cada um deles 60 histórias de homens e mulheres que
marcaram o mundo com sua fé, exatamente para que, quando a gente lesse
esses livros, o nosso padrão subisse, e para que tivéssemos exemplos
muito fortes para ter condições de viver um cristianismo acima da média.
Foi com esse objetivo que eu escrevi a série Loucos por Jesus. Para
servir de inspiração para essa geração.
Inclusive o volume III da série tem
transformado a vida de muitos. Ele se chama Loucas por Jesus, que conta
60 história de mulheres e moças que marcaram o mundo. E são milhares de
mulheres e moças que já me mandam e-mails e cartas e dizendo que tiveram
suas vidas completamente transformadas pela leitura desse livro.
De onde surgiu a ideia para escrever ‘Johnny, essa noite pedirão sua alma‘?
Em 2004, eu fui para a Índia, em uma
viagem missionária. Lá eu descobri que muitos hindus vão até o santuário
Hindu para o sacerdote dizer qual dia eles vão morrer. Na Índia é
corriqueiro o sacerdote olhar para a cabeça da pessoa, entrar em transe e
dizer que a pessoa vai morrer no dia tal do mês tal do ano tal. Quando
eu vi isso, pensei: “Meu Deus, essa é uma história que, quem sabe, dá
para contar”. A partir daí eu resolvi escrever um livro sobre um jovem
que conseguia ver o dia em que as pessoas morreriam.
Como foi montá-la?
Montar essa história não foi fácil,
porque eu tentei pegar a ideia que tive na Índia e adaptar para o mundo
jovem, no perfil do jovem brasileiro. A história de Johnny não se passa
nos Estados Unidos. Eu fiz questão de fazer toda a história se passar
numa cidade brasileira, onde o clima, as roupas, as expressões são bem
brasileiras. Muito do que temos hoje de ficção cristã são traduções
americanas. Eu fiz questão de que o personagem, apesar do nome, fosse
brasileiro.
Então, como nasceu o personagem Johnny?
(Risos) Bem, quem me conhece sabe que o
Johnny sou eu. Eu sou um menino que já fui muito doente, encarei a morte
muitas vezes, fui diagnosticado com doenças seriíssimas. Até em
aspectos mais simples do livro, quem me conhece, percebe que Johnny sou
eu.
Johnny é sempre apressado. Eu sou muito
apressado. Às vezes ele aparece comendo maçã. Maçã é a minha fruta
favorita. Mas principalmente a pessoa de Johnny sou eu, porque eu tive
um encontro muito radical com Cristo, como ele teve. Eu encarei a morte
de frente, a morte mesmo, muitas vezes na minha vida. E eu fui poupado
da morte, assim como o Johnny. Então, o personagem foi montando em cima
de aspectos da minha vida que poucos conhecem.
Qual o seu recado para que a juventude tenha um real encontro com Deus?
Meu recado é muito simples: pare de
existir e comece a viver. Um objeto existe, mas ele não está vivo. Mas
uma pessoa não. Uma pessoa pode estar viva ou pode só existir. Qual é a
diferença entre existir e viver? É ter um encontro real, marcante e
poderoso com o autor da vida. Enquanto você não conhece esse Jesus e não
é louco por Ele, você só existe, só vegeta, está no piloto-automático.
Você está vivo, mas não está vivo. Mas quando você se torna louco por
Cristo, e esse amor e essa paixão te consomem de dia, de tarde e de
noite, você para de existir e a verdadeira vida começa.
Seja muito louco por Jesus, comece a
colecionar loucuras por Ele. Quem sabe um dia, lá no futuro, não vai
surgir um outro “Lucinho” que vai escrever um outro livro Loucos por
Jesus, e quem sabe, se você tiver vivido bem apaixonadamente por Cristo,
o seu nome e o meu estarão nesse livro de heróis da fé. Deus te
abençoe. Seja muito louco por Jesus.
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