A polarização eleitoral entre PSDB e PT na disputa pela prefeitura de
São Paulo tem levado a trocas de acusações entre os candidatos, e o
protagonismo de aliados políticos, como por exemplo, o pastor Silas
Malafaia.
Recentemente, o jornal Folha de S. Paulo publicou editorial
criticando a proximidade de José Serra (PSDB) com o pastor Malafaia, e
sugerindo existir uma espécie de “kit evangélico”, que atenderia a interesses de líderes religiosos.
O mesmo jornal noticiou nesta terça-feira, 16/10, que o candidato José Serra teria alterado itens
de seu plano de governo para favorecer igrejas evangélicas. Entre os
supostos favorecimentos, estariam a retirada de obrigações dos templos a
cumprirem metas rígidas de redução de ruído durante os cultos. Em
resposta, José Serra negou as acusações do jornal e afirmou não ter sido
procurado pelo jornal para esclarecer as eventuais mudanças em seu
plano de governo: “É mentira. Nota mentirosa. Eu não alterei [o
programa], nem ninguém me consultou a esse respeito”, afirmou ao portal Uol.
Entre as principais polêmicas da campanha, está o material apelidado
de “kit gay”, promovido pelo Ministério da Educação e Cultura (MEC),
quando Fernando Haddad (PT) era titular da pasta, nomeado pela
presidente Dilma Rousseff. Em meio às polêmicas pautadas por princípios
religiosos durante a campanha, o próprio candidato Serra chegou a
afirmar que o material distribuído pelo MEC tinha por objetivo
“doutrinar” alunos à homossexualidade, ao invés de conscientizar.
Silas Malafaia entrou na campanha a favor de Serra sob o argumento de
combater o candidato ligado ao kit gay. Veículos de comunicação
divulgaram informação da existência de material semelhante distribuído
pelo governo do estado de São Paulo, administrado pelo PSDB.
Embora o próprio pastor Silas Malafaia tenha divulgado um vídeo argumentando a favor
do material distribuído pelo governo tucano, afirmando que “comparar o
kit gay do Haddad à cartilha do Serra é afronta à inteligência”, a
própria Secretaria Estadual de Educação negou em nota, que havia
distribuído o material aos alunos, de acordo com informações do site Mix Brasil.
Ainda segundo a Secretaria de Educação, o material seria destinado aos
professores, para estimular o debate contra o preconceito.
O presidente da Associação Brasileira de Lésbicas, Gays e Transexuais (ABGLT) Toni Reis criticou o candidato
José Serra por dar subsídios para que o debate em São Paulo seja feito a
partir de questões ligadas ao homossexualismo: “Peço, para uma boa
política comprometida com o respeito a toda a população, como tem sido a
marca de sua atuação nos cargos que ocupou, que continue dando ênfase à
promoção indiscriminada da cidadania e da inclusão social, e que a
população de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais (LGBT)
não seja utilizada para gerar polêmica em época eleitoral, ou em
qualquer outra época”, afirmou, em carta aberta dirigida ao candidato.
O deputado federal Jair Bolsonaro
(PP-RJ), católico, também entrou na polêmica e criticou, durante
discurso no Câmara dos Deputados, o candidato Fernando Haddad e o
programa político do Partido dos Trabalhadores, afirmando que o projeto
do PT é “esculhambar a família para perpetuar-se no poder”.
Entre idas e vindas, trocas de acusações e desvio do foco em relação às propostas para a capital paulista, o jornalista Reinaldo Azevedo,
da revista Veja, criticou o PT e manifestou apoio ao pastor Silas
Malafaia: “Tentaram envolver o pastor Silas Malafaia numa trapaça óbvia,
comparando o material produzido pela Secretaria de Educação de São
Paulo contra várias formas de preconceito, ao kit gay do MEC, elaborado
na gestão Haddad. Reportagem publicada pela Folha Online não hesitou:
afirmou que ‘Serra distribuiu’ (sic) material semelhante ao kit gay.
Nota: a Folha nunca atribuiu o material do MEC a Haddad pessoalmente”,
pontuou o jornalista.
Azevedo diz ainda que, ao divulgar a informação a respeito do suposto
kit gay de José Serra, aliados políticos de Haddad tentaram forçar o
pastor Silas Malafaia a retirar o apoio ao candidato tucano: “Tentaram
tratar Malafaia como um ingênuo, procurando forçá-lo a retirar o apoio a
Serra ao igualar alhos com bugalhos. Mas ele não caiu no truque e
estabeleceu as devidas distinções”, escreveu o jornalista, que
historicamente, tem divergências profundas com propostas e práticas do
PT.
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