O site pró-LGBT Eleições Hoje publicou recentemente um artigo
criticando a AVON por incluir em seu catálogo livros da editora Central
Gospel, mantida pela Associação Vitória em Cristo, fundada pelo pastor
Silas Malafaia, da Assembleia de Deus Vitória em Cristo.
Acusando a empresa de cosméticos de conservadorismo, o artigo escrito
por Marcelo Gerald questiona quais são as reais motivações da empresa
ao vender livros de Malafaia e compara tal venda a uma livraria que
apoiaria o regime nazista por vender o livro de Adolf Hitler, Mein Kampf
(Minha Luta). O texto ressalta também o abaixo-assinado criado em
boicote à empresa e acusa líderes cristãos brasileiros de autoritarismo.
O texto causou diversas reações e manifestações de apoio e de
repúdio, entre elas a do blogueiro Fabiano Camilo, do Amálgama. Em seu
texto o blogueiro afirma que o movimento LGBT no Brasil está sem foco, e
por não estar conseguindo articular uma agenda, assumem uma postura
demasiado reativa e pouco propositiva.
Questionando a relevância do boicote, Camilo indagou: “Por que um
boicote à AVON começou somente após a empresa passar a vender livros de
Malafaia? Há muito tempo, a AVON vende obras de padres católicos. A
Igreja Católica à qual os padres pertencem e representam não é menos
homofóbica do que a Assembleia de Deus Vitória em Cristo – no máximo,
adota uma postura menos agressiva. O papa Bento 16 não demonstra nenhuma
simpatia pelas reivindicações dos movimentos glbt’s e reiteradamente
condena o ‘estilo de vida’ de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e
transexuais”.
O blogueiro disse ainda que tal venda tem motivos meramente
comerciais, e não filosófica ou religiosa: “Como entender a decisão da
AVON de vender livros de Silas Malafaia? É uma grande empresa que tem o
lucro como objetivo e que, de fato, obtém um alto lucro vendendo obras
de religião, autoajuda, ficção trivial, culinária etc. Não há nenhuma
guinada conservadora, como Gerald sugere, ao perguntar se a nova
tendência da AVON é o conservadorismo”.
“A relação de livros vendidos pela empresa não permite dúvidas: a
opção da AVON pela ideologia conservadora é antiga e rentável”, afirmou
Camilo que disse ainda que o boicote é inútil e que o movimento GLBT
está, de maneira contraditória, se envolvendo em falsos combates.
Em certo trecho do texto contra a Avon, Gerald questiona: “vamos
imaginar que uma grande livraria colocasse como destaque em suas
vitrines o livro de Adolf Hitler, Mein Kampf como grande sugestão de
leitura. Alguém diria que isso é liberdade de expressão?”
Em resposta à colocação do ativista gay, Camilo afirma: “Lembro-me de
que, no final da adolescência, várias vezes vi Minha luta à venda, com
destaque, em uma livraria de shopping center. Nunca me ocorreu, como
hoje tampouco me ocorre, que o proprietário ou o gerente fossem
nazistas”. O blogueiro fala ainda da republicação de obras da época da
inquisição e critica Gerald por ignorar a importância histórica de se
republicar livros como o de Hitler.
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