dCAPÍTULO 3
QUAIS OS DESEJOS DO SEU CORAÇÃO?
Uma das forças que estimula o homem a de¬sobedecer a Deus é a carne. Não estamos falando do corpo em si, mas referindo-nos à natu¬reza humana decaída com a qual nascemos, que intenta controlar o corpo e a mente e induzir-nos ao pecado. Só que a graça e a misericórdia divinas habitam sobre este mundo. O Senhor nos resgatou das mãos de Satanás com o sangue de Seu Filho e capacitou-nos a fugir dos desejos mundanos por intermédio de Sua Palavra e do Espírito Santo.
Deus sabe o que é melhor para os seus filhos. E o maior desejo do coração dele é ser obedecido, por isso, estabeleceu princípios e regras que nos ajudam a ter uma vida reta, justa e abençoada durante a caminhada cristã. Sendo assim, cabe ao cristão em Jesus perceber que valores têm norteado sua vida, ou melhor, descobrir os desejos que têm alimentado seu coração — são desejos da carne ou anseios inspirados pelo Espírito Santo?
É certo que o mundo tem feito muita pressão para que sejamos dominados pelo sistema mundano. Esta armadilha do inimigo tenta preencher-nos com os desejos da imoralidade sexual, impureza, liberti¬nagem, idolatria, feitiçaria, do ódio, da discórdia, dos ciúmes, da ira, do egoísmo, das dissensões, facções, da inveja, embriaguez, das orgias e coisas semelhan¬tes — são as obras da carne (Gálatas 5.19-21 NVI).
No entanto, Paulo chamou a atenção para o modo de vida íntegro e honesto daqueles que dão prioridade ao fruto do Espírito, que é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, fidelidade, mansidão e domínio próprio (Gálatas 5.21,22 NVI). Estes valores são de atuação divina e permitem ao cristão ter uma vida vitoriosa e de comunhão com Deus.
Pena que muitos não seguem esta recomendação. Há pessoas que se dizem cristãs convertidas, mas têm sido negligentes no seu dia-a-dia, abrindo mão dos valores ensinados, pelo Senhor, para seguir aqueles que lhe proporcionam prazeres momen¬tâneos, que são os desejos da carne. Por causa de tal decisão, têm enfrentado situações adversas que geram o desgaste espiritual e emocional.
Onde está o seu tesouro?
A Bíblia diz: onde estiver o vosso tesouro, aí estará também o vosso coração (Mateus 6.21). Podemos aprender com esta verdade que é im¬possível servir a dois senhores — ao inimigo e ao Pai celestial —, pois todo o seu ser (força, ânimo e vontade) se voltará para aquilo que o seu coração deseja. Mesmo que o homem seja possuidor de livre-arbítrio, é necessário dar preferência ao bem, e não ao mal, ao fruto do Espírito, e não às obras da carne. Somente uma criatura assim é digna de ser transformada e abençoada por Deus. Declare, então, sua preferência e escolha.
Não cobice o que é dos outros
Cobiçar os bens ou a posição de status de outra pessoa pode acarretar em uma grande adversidade. Veja a história de Geazi, servo do profeta Eliseu. O livro de 2 Reis 5 conta que o chefe do exército da Síria, Naamã, foi curado de lepra após visitar o pro¬feta. Este havia mandado aquele homem de guerra mergulhar nas águas turvas do rio Jordão como uma simples demonstração de humildade e obediência, o que seria o remédio para aquela doença.
Para agradecer ao profeta Eliseu por ser um canal de bênção para a cura dele, Naamã lhe ofe¬receu ouro, prata e roupas. Entretanto, o profeta recusou os presentes, uma vez que não queria tirar proveito daquela situação, daquilo que o Todo-poderoso fez por intermédio dele.
Geazi achou a atitude do seu senhor um desperdício. Com aqueles presentes, ele poderia até conquistar sua independência financeira. Foi, então, que traçou um plano para conseguir parte daquela recompensa — que deveria ser do profeta. Sem perda de tempo, Geazi correu atrás da comiti-va de Naamã e disse que Eliseu havia mudado de idéia, pedindo presentes para dois discípulos dos profetas de Betel e Gilgal, que ficavam em escolas da região do monte Efraim.
Sendo assim, o general não apenas deu mais do que aquele servo havia pedido como também ordenou que dois homens o ajudassem a carregar os presentes. No meio do caminho, porém, Geazi dispensou aqueles ajudantes para que o profeta Eliseu não desconfiasse de sua mentira.
Só que nada está encoberto aos olhos daquele com quem temos de tratar (Hebreus 4.13). Deus revelou ao profeta Eliseu sobre a atitude de seu servo, ferindo-o com lepra. Ao ler esta história, atente que não há nada de errado em querer ser rico, mas Geazi deixou a ganância falar mais alto e desejou aquilo que não lhe pertencia, sofrendo grave conseqüência.
Não seja ganancioso
A vida do homem depende de Deus, e não dos seus bens. Então, acautelai-vos e guardai-vos da avareza, porque a vida de qualquer não consiste na abundância do que possui (Lucas 12.15). Esta advertência tem fundamento, uma vez que o materialismo fincou suas raízes na vida de muitos cristãos. Com isso, a vaidade e as riquezas tornaram-se o propósito de vida das pessoas, em vez de as necessidades serem o principal alvo a ser satisfeito.
A posse de bens não contribui para o desen¬volvimento espiritual e, muito menos, garante paz e longevidade a alguém; apenas Deus tem esse poder. Claro que as riquezas não são más em si mesmas, mas tornaram-se parâmetro para que as pessoas julguem e sejam julgadas, numa completa inversão de valores morais e éticos.
O coração materialista costuma ser egoísta e nunca consegue desfrutar todas as benevolências e riquezas que se originam de uma vida de comu¬nhão com o Senhor.
Não deseje o mal de ninguém
O alvo supremo de toda a instrução da Palavra de Deus não é o conhecimento bíblico em si mesmo, mas uma transformação interior do indivíduo, que se expressa no amor, na pureza de coração, numa consciência pura e numa fé sem hipocrisia. Quando o cristão compreende este princípio, fica mais fácil de aplicar em sua vida este mandamento: tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós (Mateus 7.12).
Há momentos em que passamos por de¬cepções ao sermos surpreendidos e atingidos por atitudes desagradáveis de alguém. Nesta hora, a raiva assalta nosso coração quase que de imediato. Não há tempo nem para refletir sobre a situação. Questionamos por que tal pessoa fez aquilo; alegamos que não merecíamos aquele constrangimento. Chegamos até a chamá-la de traidora. E a primeira reação é maldizer ou desejar o mal daquele indivíduo.
Somente um amor puro e genuíno pode ajudar-nos a lidar com essas situações delica¬das, a acalmar o coração e, sobretudo, a desejar sempre o bem, mesmo para o nosso inimigo. Por isso, devemos ter uma vida subordinada, controlada e dirigida pelo amor e pela devoção a Deus. Desta maneira é que conseguiremos apartar-nos do pecado e de tudo aquilo que causa dano e tristeza ao próximo e, conseqüen¬temente, a nós mesmos.
Deseje a presença de Deus
Confira o texto de Salmo 42.1,2: Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por ti, ó Deus! A minha alma tem sede de Deus, do Deus vivo; quando entrarei e me apresentarei ante a face de Deus? Um homem pode viver bastante tempo sem ali¬mento, mas sem água ele morre, pois esta é um elemento vital para a vida. E a única fonte que nunca cessa de jorrar água é Jesus (João 4.14; Apocalipse 21.6).
Por isso, podemos ver nos versículos acima o ardente desejo do salmista de experimentar a presença de Deus e, assim, ter uma completa co¬munhão com Ele. O autor não se contentava em ler, orar e aprender. Para ele, isto não era suficiente à vida espiritual.
O salmista queria mais; desejava a presença do Senhor imediatamente, ter comunhão com o Pai, relacionar-se com Ele, dialogar, ouvir Sua voz. Siga este exemplo. Não reduza a pre¬sença de Deus à adoração no templo. Busque experiências pessoais com Ele. Tenha cautela quanto às coisas terrenas e com os prazeres que tiram a fome e a sede do Senhor. Deseje buscar, constantemente, a face do Altíssimo em oração (Marcos 4.19).
Busque a vontade do Senhor
Note o que está escrito em 1 João 2.17: o mundo passa, e a sua concupiscência; mas aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre. Ao ler esta passagem, podemos constatar que a única certeza a respeito do sistema deste mundo é que ele não vai durar para sempre. Um dia tudo vai acabar. As pessoas morrem, as nações são domi¬nadas, as riquezas se deterioram, as filosofias de vida do homem são esquecidas.
Somente o que faz parte da vontade do Senhor permanecerá. É nesta verdade que se firmam os cristãos consagrados. Eles não mantêm uma ligação com as coisas deste mundo nem se deixam influen¬ciar pelos princípios da modernidade, pois têm consciência de que são estrangeiros e peregrinos na terra (Hebreus 11.13). Vivem em prol da eternidade e buscam a vontade de Deus para a sua vida.
Um dos benefícios da salvação é o privilégio de saber a vontade de Deus. No entanto, o Senhor não quer que a vontade dele seja apenas conheci¬da, e sim, compreendida (Efésios 5.17). Por isso, ela é revelada por meio de Sua Palavra. O cristão maduro, por sua vez, que separa um momento du¬rante o dia para ler e refletir sobre a Bíblia encontra o desejo do coração do Pai e consegue aplicá-lo no seu cotidiano.
Aquele que firma sua fé e esperança nos va¬lores deste mundo sofre com as ilusões desta vida temporária. Por outro lado, o que busca conhecer e seguir a vontade do Senhor constrói um castelo forte sobre as fiéis promessas do Todo-poderoso e permanece para sempre. Ele não só poderá vi¬ver no lar celestial junto com os demais irmãos em Cristo, como também terá a garantia de ser guardado e abençoado por Deus enquanto estiver nesta terra.
Queira estar na Casa de Deus
Dentre os muitos poemas que Davi escreveu, o Salmo 27 nos traz uma preciosa lição para o que queremos falar neste tópico. Intitulado Confiança em Deus e anelo pela sua presença, este registro bíblico foi escrito na época em que o poeta estava no exílio, sendo perseguido pelo rei Saul e seu exército. O texto revela que Davi corria sério perigo. Acima de tudo, ensina-nos que, quando conhecemos o Senhor e confiamos nele, recebemos Sua ajuda para superar os medos e prosseguir nos propósitos divinos.
E onde é que Davi buscava segurança, refúgio e orientação para os seus problemas? No templo do Senhor, que era considerado uma fortaleza onde os homens se refugiavam muito acima dos vales e longe das grandes matanças. Lá, ele ficava protegido de seu inimigo e encontrava alívio tanto para a vida espiritual como para a física.
Uma coisa pedi ao SENHOR e a buscarei: que possa morar na Casa do SENHOR todos os dias da minha vida, para contemplar a formosura do SENHOR e aprender no seu templo. Porque no dia da adversidade me esconderá no seu pavilhão; no oculto do seu tabernáculo me esconderá; pôr-me-á sobre uma rocha. Salmo 27.4,5
Deus conclama todos nós para esse mesmo propósito, pois a igreja é um refúgio para os cris¬tãos nos dias de hoje. Lá ouvimos uma mensagem inspirada pelo Espírito Santo que edifica nossa vida; recebemos orações e apoio dos irmãos para enfrentar as dificuldades; renovamos nossa força e avivamos nossa fé por meio da adoração e das pregações; sentimos a presença do Senhor de uma forma tremenda, além de sermos lembrados que não estamos sozinhos. Aquele que procura habitar na Casa do Senhor tem a firme garantia de que não importam quais as provações venham a enfrentar, o Todo-poderoso nunca os abandonará (Salmo 27.8-10).
Ame estar na Casa de Deus. Aproveite todas as oportunidades para estar na igreja, relembrando as graciosas promessas e a inabalável fidelidade do nosso Salvador. Una-se fervorosamente aos seus companheiros de oração e adoração. E esteja pronto para receber as bênçãos e o poder de avivamento do Senhor sobre sua vida. Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará (Salmo 91.1).
ireitos e digitação editora central gospel
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