O movimento neopentecostal tem características bem delineadas e
doutrinas que despertam críticas por parte de outras correntes
teológicas.
O bispo Walter McAlister,
da Igreja Cristã Nova Vida, de linha pentecostal, publicou artigo em
seu site com sugestões para uma “desintoxicação” dos hábitos
neopentecostais. Segundo o bispo, as igrejas neopentecostais carregam
“práticas equivocadas e até mesmo perigosas do ponto de vista bíblico”.
Entre as sugestões de McAlister, estão a procura por igrejas
tradicionais: “Na sua grande maioria, são mais dedicados ao estudo das
Escrituras. Batistas, presbiterianos, metodistas e congregacionais são
os mais indicados [...]Digo isso não porque seja necessariamente a
igreja que você vai frequentar pelo resto da vida. Mas encare isso como
parte da sua ‘desintoxicação’”, afirmou.
McAlister repudia o desinteresse pelo estudo da Bíblia, frisando a
importância do conhecimento: “O argumento ‘não preciso de teologia, só
de Jesus’, é um apelo à ignorância e não acrescenta nada a nossa vida
espiritual. Pelo contrário: teologia é a formação de conceitos corretos e
bíblicos”, pontua, lembrando que a teologia é importante por ser
através dela que a prática cristã foi estabelecida: “É a maneira pela
qual os pensadores organizaram o conhecimento bíblico e o traduziram à
prática e ao culto cristão”.
A crítica aos escândalos protagonizados por líderes neopentecostais
também foi mencionada no artigo: “Vivemos dias de enorme corrupção nos
quadros cristãos e evangélicos. Sob essa rubrica há de tudo:
liberalismo, neopentecostalismo, ativismo político e uma série de males
que estão desfigurando a face da Igreja de Jesus Cristo”, observou.
Confira abaixo a íntegra do artigo “Como se desintoxicar do neopentecostalismo”, do bispo Walter McAlister:
Tenho recebido inúmeros relatos de pessoas que se dizem
sobreviventes de igrejas neopentecostais e suas práticas equivocadas e
até mesmo perigosas do ponto de vista bíblico. Uma frase em especial me
chamou a atenção: “Estou tentando me desintoxicar, após anos no
neopentecostalismo”, compartilhou comigo um internauta. Com isso em
mente, permita que eu ofereça conselhos práticos de como fazer essa
“desintoxicação”:
Ache uma igreja tradicional e que tenha uma Escola Bíblica Dominical para adultos.
Por que fazer isso? Sempre defendi que o que os tradicionais
precisavam era se abrir mais para a atualidade dos dons espirituais.
Continuo a defender essa causa. A igreja que mais abusou dos dons no
mundo antigo, a de Corinto, foi a que recebeu de Paulo a seguinte
admoestação: “Entretanto, busquem com dedicação os melhores dons” (1 Co
12.31). Isso quer dizer que a cura para o abuso de dons espirituais não é
abandoná-los, mas buscar o seu emprego com equilíbrio e afinco.
Não estou falando de abandonar o sobrenatural de Deus, mas de
procurar quem o ensine com mais equilíbrio. Aqui temos de dar honra a
quem honra é merecida. Os tradicionais, na sua grande maioria, são mais
dedicados ao estudo das Escrituras. Batistas, presbiterianos, metodistas
e congregacionais são os mais indicados. Há igrejas dessas denominações
que não ensinam? Claro. Há igrejas dessas denominações sendo muito mal
pastoreadas? Sim, muitas. Há igrejas de orientação liberal ou política
entre elas? Tragicamente, sim. Mas há algumas que continuam a ensinar a
sã doutrina. Ache uma. Digo isso não porque seja necessariamente a
igreja que você vai frequentar pelo resto da vida. Mas encare isso como
parte da sua “desintoxicação”.
Você precisa estudar a Bíblia a fundo. Um dos pecados da ala
neopentecostal é o abuso ou o abandono das Sagradas Letras. Para quem
quer se desintoxicar, tem que ser um “obreiro aprovado” (“Procure
apresentar-se a Deus aprovado, como obreiro que não tem do que se
envergonhar, que maneja corretamente a palavra da verdade” – 2 Tm 2.15).
Alguns talvez estranhem que eu não esteja recomendando a própria
igreja que lidero, nem tampouco uma igreja pentecostal clássica. É claro
que recomendo qualquer uma das Igrejas Cristãs Nova Vida (ICNV). São
ótimas. Mas, quando se faz uma desintoxicação, é necessário se afastar
de tudo o que pode te levar de volta ao vício. Toda e qualquer igreja
pentecostal, inclusive a nossa, usa termos, jargões e conceitos que
trazem ligeira semelhança com os do neopentecostalismo, mesmo que não
sejamos neopentecostais. Como um Presbitério, reconhecemos que em tempos
passados andamos perto de um neopentecostalismo tácito, só que há um
bom tempo esse não é mais o caso.
Leia dois livros importantíssimos: O Fim de Uma Era (de minha autoria) e A Verdadeira Vitória do Cristão (de Maurício Zágari).
Antes que alguém proteste que este artigo não passa de autopromoção,
permita que eu diga que não recebo um centavo das vendas do meu livro,
embora fosse absolutamente legítimo fazê-lo. Todos os direitos autorais
são revertidos para fins missionais. Então promovo meu livro com a
consciência absolutamente livre de qualquer consideração mercadológica.
Acontece que esses dois livros ajudam a entender exatamente onde estão
alguns dos problemas mais graves da cosmovisão da igreja atual. Quem os
ler entenderá mais sobre o enorme engano que mora no seio da nação
neopentecostal. As duas obras estão disponíveis em livrarias pelo país,
como também no site www.editoraanoodomini.com.br
Aumente seu interesse por teologia.
O argumento “não preciso de teologia, só de Jesus”, é um apelo à
ignorância e não acrescenta nada a nossa vida espiritual. Pelo
contrário: teologia é a formação de conceitos corretos e bíblicos. É a
maneira pela qual os pensadores organizaram o conhecimento bíblico e o
traduziram à prática e ao culto cristão. Há muitas disciplinas de
teologia: teologia bíblica, cristologia (sobre Cristo), pneumatologia
(sobre o Espírito Santo), eclesiologia (sobre a Igreja), soteriologia
(sobre a salvação) e outras mais. Uma boa Teologia Sistemática seria um
santo remédio para quem quer botar os pés de volta no chão. Recomendo a
da editora Vida Nova, escrita por Franklin Ferreira e Alan Myatt. Entre
no site deles. É um livro grande e vai levar tempo para ler. Mas estamos
falando de uma desintoxicação e isso não é feito sem um pouco de
esforço.
Teologia é a linguagem da Igreja. Mesmo negando fazer teologia, os
neopentecostais endoutrinam com a sua própria teologia. Só que não usam
livros. Usam frases feitas, adesivos, chavões e uma cultura interna
massacrante de autoajuda e pensamento positivo. A única maneira de
renovar a sua mente (Rm 12.1,2) será por meio de um esforço mental
consciente e excelente.
Desligue-se da televisão evangélica e das mesas redondas.
Neopentecostalismo se perpetua nas conversas do dia a dia. É nas
frases feitas e afirmações positivas que ele cresce. É só mais um
vigoroso “em nome de Jesus” pronunciado na hora certa que a intoxicação
volta a acontecer. É só pelo “eu determino” sacado na hora “H” e seus
brios neopentecostais vão deixar você arrepiado e “cheio de poder”.
Lembre-se: os Alcoólicos Anônimos sempre dizem que o segredo é evitar o
primeiro gole. Triunfalismo é um verdadeiro tóxico. Faz com que nos
sintamos “poderosos”. É um engodo. Só com temor a Deus, pé no chão e o
nariz nos livros é que você vai conseguir se libertar.
Vivemos dias de enorme corrupção nos quadros cristãos e evangélicos.
Sob essa rubrica há de tudo: liberalismo, neopentecostalismo, ativismo
político e uma série de males que estão desfigurando a face da Igreja de
Jesus Cristo. Para quem está despertando para esta realidade, conte com
a minha pequena contribuição neste blog, nos vídeos e nos livros.
Na paz,
Nenhum comentário:
Postar um comentário